12 de fev. de 2011

COACHING PARA O FUTURO DAS ORGANIZAÇÕES


Certa vez presenciei um diretor de empresa, criticando um gerente de área por dispensar uma funcionária.
Ela havia sofrido um acidente de carro no dia anterior, foi encaminhada ao hospital, feito alguns exames, porém nenhuma lesão detectada. No dia seguinte foi trabalhar, mas estava ainda com o trauma do acidente.
O gerente percebendo seu estado, conversou com ela e sugeriu que fosse para casa descansar. O gerente comentou com seu diretor sobre o episódio, no intuito de participar a experiência, mas para sua surpresa e decepção, foi fortemente advertido pelo diretor que o questionou: “- Você pensa que é médico? Vá imediatamente ao RH e solicite o desconto deste dia de trabalho da funcionária”. Foi um balde de água fria em cima do gerente.

Estou falando de empresa que tem na ética um dos seus grandes pilares. Com este exemplo prático, quero mostrar que é preciso preparar melhor os gestores, pois no Brasil estamos muito longe ainda de uma visão e prática “coach”. Poucos gerentes e diretores que aplicam ¨coaching¨ na prática no seu dia-a-dia, ainda são vistos como frouxos, são olhados pelos executivos jurássicos como participativos demais, e acreditam que a prática de ouvir e conversar (não sobre ¨target¨ e ¨budget¨) ameaça o “status quo” hierárquico.

Para que possamos falar do futuro precisamos pensar no presente, e o presente nas empresas é por busca de resultados, ou seja, tirar o atraso de 2009.

A situação virou custe o que custar. Mas, o custar está sendo principalmente em cima dos executivos, gestores e líderes. A busca por metas: antigir o “budget”, sempre foi e sempre será uma tônica em qualquer empresa; é necessário para a sobrevivência e geração de postos de trabalho.

Pouquíssimas empresas realmente fazem um trabalho de acompanhamento individualizado da saúde mental e emocional das suas equipes. O que costumeiramente quase todas fazem é o acompanhamento médico: terceirizam a responsabilidade e novamente deixam a responsabilidade por conta do funcionário.

O que quero dizer é que a saúde mental e emocional está resumida ao RH com perguntas e questionários muitas vezes frios, e que simplesmente servem como elementos de estatística de comparação sobre como estamos hoje, em relação aos anos anteriores. Ou então aquelas ridículas réguas com o desenho “estou alegre, estou triste, estou pensativo, etc.” nas quais as empresas investem, para que os funcionários tenham a pseudo-liberdade de expressar como estão se sentindo. Alguém acredita nesta “fantástica” ferramenta?

A empatia dos gestores com seus subordinados, sob o ponto de vista do bem estar, não está existindo. Aquela velha máxima de “jogar conversa fora” não existe mais. Não há tempo. Não estou falando de conversar sobre metas, resultados, nem de falar sobre futebol e moda, mas sim, - como VOCÊ está se sentindo, - o que está incomodando VOCÊ, - qual a sua expectativa de vida ou sobrevida nesta empresa. Alguns podem estar pensando: ah, mas isso é responsabilidade do RH, é competência de psicólogos, e por aí vão as desculpas. Errado.
Os gerentes, executivos, supervisores, diretores, sim, são os únicos responsáveis. São os responsáveis imediatos, são os que tem contato diariamente com seus subordinados, e por isso devem ter a capacidade e a sensibilidade de detectar toda e qualquer alteração de humor, tristeza, falta de interesse e desânimo dos seus colaboradores. Vejam que não estou falando em desempenho, pois isto é uma conseqüência direta do bem estar dos colaboradores.
É preciso aprender a ir na “root cause” (raiz).
Tenha a certeza que, em primeiro lugar, ouvindo (segure a sua língua), questionando sobre a pessoa, sobre o ser humano que está na sua frente, e instruindo-o de tempos em tempos, de uma forma sistêmica e planejada, a ansiedade e o estresse da sua equipe desaparecerão e, conseqüentemente, os resultados esperados serão atingidos, e o bem-estar será sentido por toda sua equipe.
Aí sim você fará a diferença, e a sua satisfação como ser humano será algo que lhe fará ter ótimas noites de sono e bem estar no trabalho e com a sua família.
Autor: Christiano Oscar Wide